Há algum tempo atrás, trouxemos aqui à baila a ideia de que faria sentido construir
uma ciclovia ao longo da Avenida da Liberdade. Um leitor atento dedicou algum do seu tempo a comentar a ideia, partilhando também a sua experiência e a sua opinião sobre este assunto.
Boa noite!
Primeiramente quero dar os parabéns pela iniciativa. E partilhar a minha experiência como ciclista pelas ruas de Braga.
Também sou um dos cidadãos desta cidade que por um conjunto de situações (económicos, e porque algumas viagens a cidades europeias me abriram os horizontes) decidiu começar a fazer deslocações maiores de bicicleta.
Por norma já fazia circuitos pequenos a pé, e apenas utilizava o carro caso tivesse apertado em tempo. E neste momento sinto-me conquistado a este tipo de transporte e só aponto três problemas para andar de bicicleta em Braga:
- claro que a 1º queixa será dirigida às vias, têm de ser alteradas, e realmente penso que seria importante reformular a Avenida da Liberdade, mas penso que seria mais fácil alterar a 31 de Janeiro, pela própria disposição da avenida, tem duas vias bastante largas de peões, e porque nesta via circulam menos peões do que na avenida da liberdade, o que ajudaria na "aceitação" dos pedestres destas alterações, além disso esta avenida tem nas suas proximidades 4 escolas, e ajudaria a fomentar a utilização a utilização da bicicleta desde tenra idade (em vez de os pais irem levar os filhos à escola); e também por razões que escuso enumerar seria importante ter uma ciclovia que ligasse a Universidade do Minho até ao centro histórico e à estação de comboio.
- outra situação que me deparo, e já há um
post sobre isso, no centro da cidade (sem falar de outros pontos de interesse, perto de edifícios públicos ou de saúde) não existem locais para guardar a bicicleta, o que me leva a prende-la a candeeiros públicos, o que eu sinto como sendo abusivo da minha parte, e torna-se bastante inestético.
as pessoas em Braga ainda criticam os ciclistas (a não ser que estes estejam com um equipamento desportivo, porque num contexto de lazer/desporto nunca me senti julgado), o que me leva a pensar que antes de mudar infraestruturas convém mudar mentalidades (urgentemente).
Cumprimentos, e espero que mais pessoas adiram a este blog, e se juntem por uma causa comum que beneficiará todos.
Confesso que, quando escrevi o artigo acerca da Av. da Liberdade, ainda pensei em incluir um ou dois parágrafos sobre a 31 de janeiro. Mas, para evitar alongar-me demasiado, acabei por optar por deixar para outra altura. É chegada a hora!
Evidentemente, concordo com o João no essencial: para além dos estacionamentos para bicicletas (que é urgente criar!), uma ciclovia na Av. 31 de janeiro faz todo o sentido e talvez seja até mais fácil de implementar do que na Av. da Liberdade. O acesso seguro às escolas e universidades em bicicleta deve ser uma das prioridades.
Em primeiro lugar, cumpre salientar que a Av. 31 de janeiro é já utilizada diariamente por muitos ciclistas como uma das principais vias de acesso ao centro. Dado que o eixo Rua Nova de Sta. Cruz - Rua D. Pedro V (importante para quem vinha de Gualtar e freguesias adjacentes) se encontra interrompido a meio pela Av. Padre Júlio Fragata, a forma mais direta de vir para o centro a partir de Gualtar passou a ser pela João XXI e pela 31 de janeiro. Infelizmente, a velocidade do trânsito motorizado nessas vias e a disposição das várias faixas de rodagem desencorajam a maior parte dos ciclistas de circular normalmente. Muitos ciclistas circulam assim pelos passeios, numa situação que, mesmo sendo compreensível, não é nada desejável.
A pensar neste assunto, decidi percorrer de bicicleta toda a extensão da Av. 31 de janeiro, mas começando um pouco mais abaixo, na Av. Porfírio da Silva.
A ser criada esta ciclovia, julgo que seria boa ideia prolongá-la até ao final da Av. Porfirio da Silva, que é no fundo a continuação, em linha reta, da Avenida 31 de janeiro.
Ora, onde eu coloco algumas reservas é quanto à eventualidade de se retirar espaço aos passeios para instalar a ciclovia. A dificuldade em fazê-lo advém, em parte, da existência de um grande número de árvores (que conferem, afinal de contas, o aspeto aprazível que tem esta via). Em vários locais, o espaço disponível nos atuais passeios é insuficiente para a criação de uma pista ciclável partilhada com peões e com separador, com as medidas internacionalmente recomendadas. Ou seja, corremos o risco de deixar de ter um passeio usado "abusivamente" por ciclistas, para passarmos a ter mais uma ciclovia usada abusivamente por peões…
Uma solução alternativa, e quiçá preferível, passaria por manter as árvores e os passeios, e optar antes por redistribuir o espaço das diversas faixas de rodagem, criando pistas cicláveis para ambos os sentidos de circulação. Seria importante acautelar, obviamente, a separação física sempre que o sentido de circulação dos ciclistas fosse contrário ao do restante trânsito. Seria também de importância crucial a implementação de cruzamentos seguros, talvez seguindo este exemplo que já há dias aqui apontamos.
Porque, se repararmos bem, as diferentes faixas da 31 de janeiro acabam por ter diferentes fluxos de veículos, como se pode ver nesta foto, tirada de manhã, com o semáforo vermelho na Senhora-a-Branca.
Reorganizando o espaço da avenida, poderíamos por exemplo eliminar esta faixa da direita e criar corredores de circulação para ciclistas. Junto ao semáforo, poderia haver uma Bike Box, ou outra solução parecida, para permitir aos ciclistas passarem em segurança para o lado esquerdo, para seguir para a Av. Central, Rua do Raio, etc. Os semáforos deveriam incluir luzes específicas para ciclistas, indicando por exemplo que poderiam virar à esquerda enquanto os carros das outras faixas estivessem com sinal vermelho.
A grande vantagem desta abordagem, claro, seria manter os atuais passeios, com a suas esplanadas e os seus quiosques, e continuar a promovê-los cada vez mais como espaço de circulação e de convívio para todos…