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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Rede ciclável de Braga em destaque no jornal Público

O Público publicou esta segunda-feira, dia 26 de maio, uma interessante reportagem sobre os planos da Câmara Municipal de Braga para a nossa futura "rede ciclável". Vale a pena uma leitura atenta. Trata-se de uma mudança de paradigma, que nos leva a crer que estamos a fazer História.


A documentação a que o Público teve acesso são ainda, cremos nós, um trabalho em curso e refletem não só planeamento que vem sendo feito pela equipa da CMB, mas também o contributo dos utilizadores da bicicleta, que recentemente foram chamados a opinar sobre esses mesmos planos e sugerir possíveis alterações.

Das declarações do vereador do Urbanismo, Miguel Bandeira, destaca-se o objetivo de assegurar num futuro próximo que toda a cidade conte com uma via devidamente preparada para acolher em segurança e conforto quem se desloque de bicicleta, a uma distância máxima de 300 metros. É um bom ponto de partida, sobretudo se essa estratégia for devidamente complementada com medidas de efetiva acalmia de trânsito, sobretudo nas zonas residenciais.

É que, se em setembro do ano passado a promessa de 29km de ciclovias quase soava a campanha eleitoral e parecia um objetivo mais ou menos utópico, agora surge preto no branco o compromisso de investir na criação de uma rede ainda mais ambiciosa que forneça um contexto viário adequado para a utilização da bicicleta como meio de transporte. Fala-se agora em 76 km de vias "cicláveis", assim o permita o próximo quadro comunitário de apoio.

O importante é que, finalmente, todas as forças políticas de Braga despertaram para a necessidade urgente de devolver à população desta cidade ruas mais seguras, mais confortáveis e mais úteis, onde seja possível circular de forma segura em bicicleta. Depois de algumas décadas de investimento quase exclusivo em infraestruturas rodoviárias destinadas ao automóvel e restantes veículos motorizados, é uma lufada de ar fresco ver que a bicicleta começa a ser levada muito a sério no que se refere ao seu potencial de melhoria da qualidade de vida da população e de promoção do desenvolvimento local.

Ficamos também a saber, apesar da inesperada demora na resposta ao nosso email, que a Câmara Municipal se prepara para colocar as placas de sinalização que ainda faltam em praticamente todos os estacionamentos para bicicletas instalados no ano passado, e que está previsto para breve um aumento significativo no numero desses estacionamentos. Com o verão aí à porta, os novos estacionamentos virão mesmo a calhar! Venham eles!...

A reportagem traz-nos ainda um outro dado interessante, indicando que o número de utilizadores de bicicleta terá muito provavelmente quadruplicado em apenas três anos. Não nos surpreende, dado que todos os dias nos cruzamos com caras novas de pessoas que optam pela bicicleta como meio de transporte cá em Braga. Ninguém sabe ao certo quantos somos, mas somos muitos, e muitos mais do que se costuma pensar, e bem mais do que dizem os censos. Seja como for, mais importante do que o número de ciclistas que hoje temos nas ruas, é o número de pessoas que gostariam e poderiam passar a usar a bicicleta se fossem criadas melhores condições para tal, ou o número de ciclistas que Braga precisa de ter no futuro para garantir uma melhor repartição modal.

A reportagem do Público também está disponível na sua edição on-line, nesta página. O facto de ter sido partilhada diretamente pelo menos 226 vezes no Facebook, de ter recebido um número recorde de "likes" e ter vindo a ser repetidamente citada e comentada em blogues, fóruns e grupos on-line, parece-nos que demonstra claramente que as pessoas olham para a criação da rede ciclável com bons olhos.

Haja objetivos, haja vontade, e faremos certamente de Braga uma cidade bem melhor.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Ultrapassagens perigosas a ciclistas: a falta de educação e o tempo que demoramos a tirar um macaco do nariz

Rua D. Pedro V - estacionamento ilegal, ultrapassagens perigosas a ciclistas

Num destes dias, um dia como tantos outros, saio do emprego ao início da tarde para ir almoçar a casa com a minha esposa e a minha filha. A meio do caminho, na rua D. Pedro V, um automóvel decide ultrapassar-me a mim e a um outro ciclista que segue no mesmo sentido, sem assegurar a necessária distância lateral de segurança.

– Chegue-se para lá! Um metro e meio, é o que diz o Código, um metro e meio!... – disse eu para o condutor quando o carro se aproximou com vidro aberto.

Não consegui ouvir a resposta, mas vi que o passageiro ficou a rir-se de uma forma tal que, dado o contexto, tenho alguma dificuldade em descrever em termos muito simpáticos. Felizmente não houve nenhum acidente, o carro seguiu viagem e eu também segui viagem até casa, enquanto ruminava no sucedido.

Diz o Código da Estrada português (sim, estamos a falar do nosso Código da Estrada, o de Portugal, aquele que todos nós temos a obrigação de conhecer e cumprir quando andamos na estrada) o seguinte, a propósito das ultrapassagens:

Artigo 38º Realização da manobra

    1 – O condutor de veículo não deve iniciar a ultrapassagem sem se certificar de que a pode realizar sem perigo de colidir com veículo que transite no mesmo sentido ou em sentido contrário.

    2 – O condutor deve, especialmente, certificar-se de que:
    a) A faixa de rodagem se encontra livre na extensão e largura necessárias à realização da manobra com segurança;
    (...)
    e) Na ultrapassagem de velocípedes ou à passagem de peões que circulem ou se encontrem na berma, guarda a distância lateral mínima de 1,5 m e abranda a velocidade.

    (...)

    5 — Quem infringir o disposto nos números anteriores é sancionado com coima de € 120 a € 600.

Em abono da verdade, o referido condutor abrandou a velocidade. Onde falhou foi ao não manter uma distância lateral de segurança igual ou superior a 1,5m – que é necessária quando se ultrapassa um veículo de duas rodas, por vários motivos. O condutor e o passageiro que ia a rir-se à janela certamente não conheciam o Código da Estrada, ou não saberiam que uma ultrapassagem daquelas é perigosa e dá uma multa nada agradável para o automobilista em infração, que pode ir até aos 600 euros.

Ainda no mesmo dia, no mesmo local, tive de levar com um outro condutor impaciente. Teve a oportunidade de me ultrapassar mais atrás, onde a estrada era mais larga, mas por algum motivo que eu desconheço, esperou pelo trecho mais estreito (o que passa em frente à sede da AAUM) para se colocar a escassos metros da traseira da minha bicicleta, fazendo roncar o motor e apitando repetidas vezes. Com carros [ilegalmente] estacionados de ponta a ponta da rua, eu não tinha para onde me encostar. O que eu não faria – e nunca faço – era encostar-me a esses carros, arriscando levar na cara com uma porta que se abrisse de repente. Mantenho sempre, por isso, para minha proteção e para proteção dos que me rodeiam, pelo menos um metro de distância em relação aos carros estacionados. Quem vier atrás, que abrande e aguarde. Não custa nada e uns metros mais à frente já pode ultrapassar em segurança.

O perigo de circular encostado à direita junto a carros estacionados - Door zone / Zona de portas

Assim, aos roncos do motor e às apitadelas, respondi com uns bem mais simpáticos toques de campainha e segui viagem. Mas não pude deixar de pensar no ridículo da situação. Senão, vejamos.

O trecho estreito em questão tem uma extensão de cerca de 200 metros. A 50km/h (a velocidade máxima permitida dentro das localidades, incluindo ali), percorrer esses 200 metros demora cerca de 15 segundos. A uma velocidade de cerca de 25km/h (a que hipoteticamente circulará ali a maior parte dos ciclistas), faz-se em apenas 29 segundos. Estamos a falar de uma diferença de cerca de 14 segundos, que é como quem diz, bem menos de meio minuto. Ou dito ainda de outra forma, o mesmo tempo que gastaríamos a tirar um macaco do nariz, ou bem menos do que esperaríamos se ali houvesse um semáforo...

Será que por causa de uns meros 14 ou 15 segundos vale mesmo a pena demonstrar publicamente tamanha falta de educação e desconhecimento do Código da Estrada, em vez de simplesmente partilhar a via em segurança e cordialidade para com os seus vários utilizadores?

Respeite o ciclista - distância lateral de segurança ao ultrapassar, pelo menos 1 metro e meio

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Nova campanha contra atropelamentos parece esquecer aqueles que efetivamente atropelam

Foi esta semana lançada em Braga, com certa pompa, uma nova campanha de sensibilização contra os atropelamentos. A iniciativa insere-se na abertura oficial da Capital Jovem da Segurança Rodoviária e contou com a presença do ministro da Administração, Miguel Macedo, um certo senhor do ACP, etc. Mas será que o alvo da campanha foi bem escolhido?...

A face mais visível da campanha, ou pelo menos aquela que foi hoje noticiada nos jornais, é a pintura de um alerta junto às passadeiras:

Campanha contra atropelamentos - pintura em passadeira à porta de escola em Braga

"266 feridos em Braga por mês", recorda o letreiro, acrescentando ainda o slogan "Atenção, todos somos peões!".

Assim de repente, uma coisa que me faz uma certa "espécie", são os locais onde os avisos foram pintados: à entrada de passadeiras - local onde os peões devem passar sempre que possível e onde têm prioridade face a veículos. Ora, não faria tanto ou mais sentido dirigir essa mensagem a quem se desloca num veículo que tem efetivamente o poder de atropelar pessoas?...

Em vez de dizer aos peões, por outras palavras, qualquer coisa como "vocês parecem um bando de maluquinhos com tendências suicidas, vejam lá se vestem uma armadura com capacete e se desviam dos carros quando forem a atravessar nestas passadeiras!", não faria mais sentido apelar ao bom senso dos condutores e tornar mais visíveis as passadeiras em questão, com lombas, sinalização horizontal e vertical, luzes, etc.? Porque não lembrar os condutores que os seus veículos - quaisquer que eles sejam - são na verdade uma arma em potência e que por isso mesmo é sua responsabilidade usá-los de forma cautelosa, moderando velocidades, mantendo distâncias de segurança e parando para deixar passar peões e/ou ciclistas, conforme cada caso, e nos termos em que a isso obriga o Código da Estrada?

Parece que continuamos a praticar Prevenção Rodoviária pela velha escola, a da triste remediação, a do "desviem-se todos para deixar passar os carros, se não querem ser atropelados". A filosofia (e a prática daí decorrente) deveria ser outra, deveria ser de cariz efetivamente preventivo: moderação de velocidade, distâncias de segurança, condução atenta minimizando fatores de distração (telemóveis, anúncios publicitários excessivos, etc.), respeito pelas passadeiras e locais de atravessamento de ciclistas, respeito pelas regras de prioridade, condução sem álcool ou outras drogas no sangue, etc.

Só que essas mensagens, não adianta serem escritas nos locais onde se encontram as vítimas dos atropelamentos. Elas precisam de chegar a quem atropela, a quem corre o risco ou tem o poder de atropelar. Só assim se contribuirá para evitar que continuem a acontecer em Braga acidentes como um que eu presenciei há algum tempo, em que um automóvel com condutor distraído atropelou 3 pessoas de uma vez só, quando iam a passar numa passadeira. Ou como aquele que há uns meses feriu com alguma gravidade o Mário Meireles quando regressava a casa de bicicleta, devidamente posicionado na via e com a bicicleta devidamente iluminada. Ou como um outro acidente absurdo (os atropelametos são sempre absurdos, não são?) que no ano passado matou em Sta. Lucrécia de Algeriz o Sr. António Vieira quando se deslocava em bicicleta para os lados da Póvoa de Lanhoso cumprindo as regras de trânsito...

Não faltam exemplos tristes que nem gostamos de recordar. Há comportamentos de risco de parte a parte, mas o maior perigo, pelas leis da física, está no objeto mais pesado e que se desloque a uma maior velocidade. Logo, é aí que é preciso incidir em primeiro lugar. De outro modo, estaremos a ver o mundo ao contrário.


P.S. - A título de sugestão, deixamos aqui alguns slogans alternativos, usados numa manifestação recente, e que porventura resultarão em lemas talvez mais apropriados para futuras campanhas de Prevenção Rodoviária.

Basta de atropelamentos - Braga

Acalmar o tráfego é proteger as pessoas

Queremos cidades para as pessoas

terça-feira, 13 de maio de 2014

Condutor distraído atropelou ciclista na ciclovia de Lamaçães

Acidente na ciclovia de Lamaçães (Braga) - ciclista ferido

Por um membro do nosso grupo no Facebook, chega-nos a triste notícia de que ocorreu hoje mais um acidente em Braga, em plena ciclovia da Variante da Encosta (Lamaçães), de que resultou um ciclista ferido num pé e num pulso.

Não dispomos de informação muito detalhada mas, de acordo com os relatos de pessoas que disseram presenciar o lamentável sucedido, o ciclista estaria a contornar aquela rotunda (dentro da ciclovia), tendo sido nessa altura abalroado por um carro que entrava nesse momento na rotunda.

Sabemos que aquela é uma via que tem alguma tradição de "aceleras", em virtude de um fraco desenho em matéria de acalmia de trânsito, e que a referida ciclovia apresenta também alguns defeitos temos vindo a apontar e que urge corrigir. Uma melhor sinalização das passagens de velocípedes nas rotundas deve evidentemente estar no topo da agenda!

Ainda assim, vale a pena lembrar que, apesar de as condições não serem as ideais, o conhecimento e o cumprimento do Código da Estrada podem ajudar a prevenir muitos acidentes deste tipo.

Nomeadamente:

Artigo 25.º

Velocidade moderada

1 - Sem prejuízo dos limites máximos de velocidade fixados, o condutor deve moderar especialmente a velocidade:
a) À aproximação de passagens assinaladas na faixa de rodagem para a travessia de peões e ou velocípedes;
(...)
e) À aproximação de utilizadores vulneráveis;
(...)
h) Nas curvas, cruzamentos, entroncamentos, rotundas, lombas e outros locais de visibilidade reduzida;
(...)
2 - Quem infringir o disposto no número anterior é sancionado com coima de (euro) 120 a (euro) 600.


Artigo 31.º

Cedência de passagem em certas vias ou troços

1 - Deve sempre ceder a passagem o condutor:
(...)
c) Que entre numa rotunda.
3 - Quem infringir o disposto no n.º 1 é sancionado com coima de (euro) 120 a (euro) 600, salvo se se tratar do disposto na alínea b), caso em que a coima é de (euro) 250 a (euro) 1250.


Artigo 32.º

Cedência de passagem a certos veículos

(...)
3 - Os condutores devem ceder passagem aos velocípedes que atravessem as faixas de rodagem nas passagens assinaladas.
(...)
5 - Os condutores de velocípedes a que se refere o n.º 3 não podem atravessar a faixa de rodagem sem previamente se certificarem que, tendo em conta a distância que os separa dos veículos que nela transitam e a respetiva velocidade, o podem fazer sem perigo de acidente.
(...)
7 - Quem infringir o disposto nos números anteriores é sancionado com coima de (euro) 120 a (euro) 600.


Todos temos o dever de conhecer estas regras e zelar pela nossa segurança e pela dos que nos rodeiam na estrada, independentemente do tipo de veículo em que nos deslocamos em cada momento.

Desejamos ao ciclista as melhoras e que rapidamente possa voltar a pedalar por Braga.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Passeio de Bicicleta Arco-Íris

No âmbito da preparação da II Marcha pelos Direitos LGBT, o coletivo Braga Fora do Armário organiza o Passeio de Bicicleta Arco-Íris, que decorrerá no próximo sábado, dia 10 de maio, a partir das 16h30. O passeio pelo centro da cidade de Braga terá início no Largo Carlos Amarante.

O coletivo Braga Fora do Armário convida todos a levarem a sua bicicleta e um(a) amigo(a) também. Quem não tiver bicicleta, não tem que se preocupar, pois a organização irá disponibilizar bicicletas, em parceria com a Bikezone. Se precisar de uma dessas bicicletas, deverá solicitar previamente a reserva no momento da inscrição, que é feita através do email bragaforadoarmario@gmail.com.

Para mais informações sobre este evento, poderão consultar esta página no Facebook.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Dia Mundial da Bicicleta festejado em Braga

No sábado dia 19 de Abril, festejou-se o Dia Mundial da Bicicleta. Em Braga tivemos um evento, organizado pela JovemCoop e pela Go By Bike, que juntou 50 pessoas de bicicleta que, em várias equipas, percorreram a cidade à descoberta das histórias dos monumentos e sítios desta Braga que cada vez mais se quer ciclável.

Arrancou às 14h30 e teve passagem por 12 monumentos onde os participantes tinham que responder, com o auxílio de um texto, a algumas questões sobre aquele local.

Contou com a presença de todo o tipo de ciclistas urbanos, dos 8 aos 80.

Foi uma excelente iniciativa da JovemCoop que teve uma adesão forte e mostrou uma vez mais que os bracarenses são muito recetivos à bicicleta.