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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Orçamento Participativo de Braga - Conheça e vote nas propostas que têm a ver com a bicicleta e os ciclistas


Na sequência da recolha de propostas que a Câmara Municipal de Braga já fez para o Orçamento Participativo, encontra-se a decorrer neste momento a fase de votação.

Das ideias apresentadas pelos cidadãos, foi aprovado um total de 94 projetos, que estão agora a ser sujeitos a votação pública, através do site do Orçamento Participativo. Os referidos projetos estão divididos em várias áreas, tendo sido selecionados 14 propostas da área de Trânsito, mobilidade e acessibilidades e 13 propostas da área de Equipamentos (melhoria ou reparação de equipamentos culturais, sociais, etc.).

Das 27 propostas apresentadas nestas duas áreas, destacamos 7 que estão diretamente relacionadas com a causa que defendemos neste espaço, a promoção do uso da bicicleta e o aumento da segurança dos peões e ciclistas. São elas:

  • OP15/PROJ-007 - Reabilitação da Av. Cidade do Porto
    "A Av. Cidade do Porto teve três faixas de rodagem. Para o conseguirem estreitaram os passeios, que mal permitem a circulação de duas pessoas lado a lado e eliminaram uma faixa exclusiva para ciclistas. Agora que ficaram apenas duas faixas, propõe-se equacionar um melhor aproveitamento das mesmas, com o consequente alargamento dos passeios existentes e, se possível, a criação de uma via clicável, com ou sem ligação à atual via clicável junto ao Rio Este."

  • OP15/PROJ-012 - Melhoria da segurança da Ciclovia da Variante da Encosta
    "Esta proposta prende-se na melhoria da segurança dos ciclistas que usam a Ciclovia da Variante da Encosta. Em muitas das zonas, a ciclovia está situada entre a estrada e locais de estacionamento, o que faz com que, quando os veículos querem entrar ou sair do estacionamento, interrompam a passagem aos ciclistas que possam estar a usar a ciclovia. Além disso, esta situação potencia o estacionamento em "2ª fila", obrigando os ciclistas a usarem a estrada principal.
    A proposta é simples, já que pretende apenas, nos locais onde existem estacionamentos, alterar o traçado da ciclovia para ficar sempre colada ao passeio, e puxando para trás os locais de estacionamento. "

  • OP15/PROJ-018 - Radares na Avenida Padre Júlio Fragata / Frei Bartolomeu dos Mártires
    "A via rápida desde o Bragaparque ao Continente esventra a cidade em duas partes, cria perigo para milhares de cidadãos, incómodo sonoro, poluição e pouco apelo ao passeio pedonal em toda a sua extensão. Propõe-se a instalação de radares fixos nas Avenidas Padre Júlio Fragata e Frei Bartolomeu dos Mártires."

  • OP15/PROJ-019 - Ligação Ciclável entre a UM e a Estação da CP
    "Intervenção nas Ruas Nova de Santa Cruz, D. Pedro V e S. Victor com a colocação de placas a permitir a exceção de velocípedes no sentido proibido (tal como já é feito em Matosinhos e em muitas cidades europeias) e pintar o símbolo da bicicleta no eixo de cada via em ambos os sentidos. Dar prioridade nesta ligação aos peões, aos ciclistas e aos TUB e táxis."

  • OP15/PROJ-029 - Estacionamento de bicicletas
    "Colocação de estrutura para estacionar bicicletas no largo em frente da Igreja dos Congregados, do lado oriental."

  • OP15/PROJ-037 - BragaBike
    "O BragaBike é um projeto que consiste na implementação do conceito de bicicletas partilhadas na cidade de Braga. Este conceito de bicicletas partilhadas é baseado num determinado número de bicicletas, que uma entidade (neste caso a Câmara Municipal de Braga) disponibilizará em vários locais da cidade e as pessoas mediante o seu registo e após aquisição de um cartão apropriado, poderão fazer uso dessas bicicletas.
    O BragaBike trará vários aspetos positivos com a sua implementação, por um lado a simples prática desportiva e os benefícios que isso apresenta para a saúde dos utilizadores e para a cidade com a redução da poluição. Por outro lado temos o fator turístico, visto que os visitantes da nossa cidade têm uma forte cultura de utilização da bicicleta. É uma forma de trazer um maior dinamismo ao turismo, uma vez que com o BragaBike os nossos visitantes poderão visitar a cidade de uma forma mais facilitada e assim ficar a conhecer melhor o nosso património histórico.
    Existe ainda outra importante vantagem a considerar, que é o fator económico. Uma vez implementado, o projeto BragaBike virá a ser um ativo financeiro para o Município. Através dos seus utilizadores, bem como através das empresas que irão pretender ter a sua publicidade no espaço destinado a isso nas bicicletas. Devido a este retorno económico é possível verificar que num período de tempo aproximadamente reduzido será possível cobrir todo o investimento que o BragaBike irá significar para a Orçamento participativo."

  • OP15/PROJ-094 - Intervenção nas Ciclovias
    "Uma vez que está a ser estudada uma rede de maiores dimensões, propõe-se as seguintes intervenções:
    1. Ciclovia ascendente e descendente em toda a Avenida Porfírio da Silva e Avenida 31 de Janeiro, ligando toda a zona pedonal à Escola Alberto Sampaio e à ciclovia do Rio Este - uma vez que os passeios são em asfalto, para esta ciclovia apenas é necessário pintar as linhas no chão;
    2. Ligação em via única do cimo da Av. Porfírio da Silva até à ciclovia do Picoto;
    3. Prolongamento da ciclovia do Rio Este em via única até aos campos da rodovia e até à ciclovia da encosta - contornando pelo lado norte o Instituto de Nanotecnologia, novamente através de pintura no chão;
    4. Ligação da Via Pedonal Ciclável do Rio Este ao à Avenida Central."



Consideramos estas propostas com valor. É bom ver que a comunidade aceitou o repto para uma reflexão sobre as questões que lhe dizem respeito e que a questão da mobilidade e da segurança rodoviária (incluindo a dos ciclistas) não ficaram esquecidas. Estas 7 propostas vão de encontro ao que vimos discutindo neste espaço, bem como ao conteúdo da Proposta para Uma Mobilidade Sustentável. Todas elas merecem os nossos votos. Esperamos que, independentemente do resultado da votação, o executivo camarário aproveite posteriormente algumas das que, por limitação processual, não venham a ser executadas no âmbito deste Orçamento Participativo, mas que ainda assim se revistam de valor para a cidade.

Convém recordar que cada pessoa registada só pode votar numa única proposta. Estes projetos encontram-se em votação apenas durante esta semana, até à próxima sexta-Feira, dia 3 de outubro.

Participe. Vote!

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Ultrapassagens perigosas a ciclistas: a falta de educação e o tempo que demoramos a tirar um macaco do nariz

Rua D. Pedro V - estacionamento ilegal, ultrapassagens perigosas a ciclistas

Num destes dias, um dia como tantos outros, saio do emprego ao início da tarde para ir almoçar a casa com a minha esposa e a minha filha. A meio do caminho, na rua D. Pedro V, um automóvel decide ultrapassar-me a mim e a um outro ciclista que segue no mesmo sentido, sem assegurar a necessária distância lateral de segurança.

– Chegue-se para lá! Um metro e meio, é o que diz o Código, um metro e meio!... – disse eu para o condutor quando o carro se aproximou com vidro aberto.

Não consegui ouvir a resposta, mas vi que o passageiro ficou a rir-se de uma forma tal que, dado o contexto, tenho alguma dificuldade em descrever em termos muito simpáticos. Felizmente não houve nenhum acidente, o carro seguiu viagem e eu também segui viagem até casa, enquanto ruminava no sucedido.

Diz o Código da Estrada português (sim, estamos a falar do nosso Código da Estrada, o de Portugal, aquele que todos nós temos a obrigação de conhecer e cumprir quando andamos na estrada) o seguinte, a propósito das ultrapassagens:

Artigo 38º Realização da manobra

    1 – O condutor de veículo não deve iniciar a ultrapassagem sem se certificar de que a pode realizar sem perigo de colidir com veículo que transite no mesmo sentido ou em sentido contrário.

    2 – O condutor deve, especialmente, certificar-se de que:
    a) A faixa de rodagem se encontra livre na extensão e largura necessárias à realização da manobra com segurança;
    (...)
    e) Na ultrapassagem de velocípedes ou à passagem de peões que circulem ou se encontrem na berma, guarda a distância lateral mínima de 1,5 m e abranda a velocidade.

    (...)

    5 — Quem infringir o disposto nos números anteriores é sancionado com coima de € 120 a € 600.

Em abono da verdade, o referido condutor abrandou a velocidade. Onde falhou foi ao não manter uma distância lateral de segurança igual ou superior a 1,5m – que é necessária quando se ultrapassa um veículo de duas rodas, por vários motivos. O condutor e o passageiro que ia a rir-se à janela certamente não conheciam o Código da Estrada, ou não saberiam que uma ultrapassagem daquelas é perigosa e dá uma multa nada agradável para o automobilista em infração, que pode ir até aos 600 euros.

Ainda no mesmo dia, no mesmo local, tive de levar com um outro condutor impaciente. Teve a oportunidade de me ultrapassar mais atrás, onde a estrada era mais larga, mas por algum motivo que eu desconheço, esperou pelo trecho mais estreito (o que passa em frente à sede da AAUM) para se colocar a escassos metros da traseira da minha bicicleta, fazendo roncar o motor e apitando repetidas vezes. Com carros [ilegalmente] estacionados de ponta a ponta da rua, eu não tinha para onde me encostar. O que eu não faria – e nunca faço – era encostar-me a esses carros, arriscando levar na cara com uma porta que se abrisse de repente. Mantenho sempre, por isso, para minha proteção e para proteção dos que me rodeiam, pelo menos um metro de distância em relação aos carros estacionados. Quem vier atrás, que abrande e aguarde. Não custa nada e uns metros mais à frente já pode ultrapassar em segurança.

O perigo de circular encostado à direita junto a carros estacionados - Door zone / Zona de portas

Assim, aos roncos do motor e às apitadelas, respondi com uns bem mais simpáticos toques de campainha e segui viagem. Mas não pude deixar de pensar no ridículo da situação. Senão, vejamos.

O trecho estreito em questão tem uma extensão de cerca de 200 metros. A 50km/h (a velocidade máxima permitida dentro das localidades, incluindo ali), percorrer esses 200 metros demora cerca de 15 segundos. A uma velocidade de cerca de 25km/h (a que hipoteticamente circulará ali a maior parte dos ciclistas), faz-se em apenas 29 segundos. Estamos a falar de uma diferença de cerca de 14 segundos, que é como quem diz, bem menos de meio minuto. Ou dito ainda de outra forma, o mesmo tempo que gastaríamos a tirar um macaco do nariz, ou bem menos do que esperaríamos se ali houvesse um semáforo...

Será que por causa de uns meros 14 ou 15 segundos vale mesmo a pena demonstrar publicamente tamanha falta de educação e desconhecimento do Código da Estrada, em vez de simplesmente partilhar a via em segurança e cordialidade para com os seus vários utilizadores?

Respeite o ciclista - distância lateral de segurança ao ultrapassar, pelo menos 1 metro e meio

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

PSP de Braga vai patrulhar as ruas em Segway e bicicleta, já a partir deste ano

PSP de Braga vai ter patrulhas em bicicleta e Segway a partir da primavera

O "Projeto de Policiamento Velocipédico e Segway" vai arrancar já este ano, a partir da primavera, de acordo com as notícias publicadas hoje nos nossos jornais locais.

A PSP de Braga vai receber 2 veículos de transporte unipessoal da conhecida marca Segway (patrocinados pela Câmara Municipal) e 4 bicicletas, para melhorar a mobilidade dos seus agentes e substituir as viaturas que costumam circular nas zonas pedonais e comerciais. Espera-se com esta iniciativa contribuir para uma maior proximidade da PSP com a população de Braga e um aumento da percepção de segurança.

De acordo com as notícias que hoje circularam no Diário do Minho e no Correio do Minho, a fase inicial do projeto de policiamento em Segway e bicicleta inclui duas zonas. A zona 1 incluirá a Estação de comboios e a Central de Camionagem. A zona 2 engloba uma área mais vasta, que vai desde as instalações da PSP, passando pelo centro, até ao Braga Parque e Universidade do Minho (Campus de Gualtar). Ou seja, ficará coberto por este policiamento uma das zonas mais utilizadas diariamente pelos nossos ciclistas (Avenida Central, Rua D. Pedro V, Avenida Padre Júlio Fragata, Rua Nova de Santa Cruz... O presidente da CMB, Ricardo Rio, esteve em visita à PSP e, juntamente com falou aos jornalistas sobre a elaboração da Câmara com aquela entidade neste projeto:

É, pois, com grande agrado que recebemos esta notícia! Sempre defendemos que não fazia sentido as nossas forças policiais circularem de carro pela zona pedonal e desperdiçarem as oportunidades oferecidas por outros meios de transporte. Não só pelos custos que isso implica para as contas públicas, mas também, e sobretudo, pela pouca eficácia que o carro oferece nessas zonas da cidade. A bicicleta, com os seus custos de aquisição e manutenção reduzidíssimos e com a sua capacidade de chegar rapidamente a todo o lado, será certamente um excelente novo aliado para as forças que asseguram a segurança pública. Quanto aos veículos Segway, que apesar do preço bastante elevado têm a vantagem de serem bem mais económicos que o carro em termos de consumo e bem menos poluentes em termos de emissão de gases e produção e ruído, darão à cidade de certa forma um "colorido" mais moderno e simpático...

Estamos certos também de que estas novas patrulhas em bicicleta terão um papel decisivo para o aumento da segurança dos ciclistas na cidade de Braga. Não só contribuirão para uma maior consciencialização dos automobilistas relativamente à correta partilha da via com os utilizadores de bicicleta (distâncias de segurança, velocidades, regras de prioridade em rotundas e cruzamentos, ultrapassagem em segurança, etc), como também, aqui e ali, poderão sensibilizar os ciclistas para as regras do Código da Estrada e outras medidas de segurança importantes (circular na faixa de rodagem da direita, evitar usar passeios estreitos, usar luzes e refletores, respeitar os semáforos, etc.).

E não podemos deixar de lançar uma sugestão ou desafio à PSP de Braga. E que tal se aproveitássemos este ano em que Braga é Capital Jovem da Segurança Rodoviária e em que a PSP dá início às patrulhas em bicicleta para, em parceria com as escolas da cidade, serem realizadas ações de formação (dirigidas a alunos e professores) sobre o uso da bicicleta como meio de transporte, demonstrando as suas vantagens e ensinando algumas das regras básicas de circulação na estrada?

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Revisão do PDM de Braga - algumas notas de interesse

No passado dia 18 de janeiro, realizou-se no auditório do Parque de Exposições de Braga, uma Sessão Pública de apresentação e exposição do processo de revisão do PDM de Braga. Essa sessão, que era aberta aos munícipes e, de um modo geral, a todos os intervenientes pelo futuro do ordenamento do município, foi bastante concorrida e participada.

A sessão teve dois momentos principais. Numa primeira fase, foi feita uma apresentação de alguns estudos e da proposta de revisão do PDM que está em cima da mesa (diapositivos disponíveis aqui). Seguiu-se depois um período em que o público teve a oportunidade de colocar questões ou lançar sugestões relativas ao PDM.

Dos vários temas que foram abordados, a "Proposta de Acessibilidades, Transportes e Mobilidade" era sem dúvida um dos tópicos que mais nos interessava conhecer e discutir. Vejamos um pouco do que por lá se falou. Revisão do PDM Braga 2014 - Transportes e Mobilidade

Estudos de caraterização e diagnóstico da rede viária

Proposta de implantação da “Circular Exterior”, um conjunto de variantes à volta da periferia da cidade com o objetivo de oferecer uma alternativa ao atravessamento da área urbana. Por outras palavras, com o objetivo de reduzir o trânsito dentro da cidade, fazendo circular por fora da cidade aqueles veículos que já lá não parariam de qualquer modo. Isso permitiria, em princípio, tornar uma boa parte da cidade mais “urbana” e mais amiga de peões e ciclistas.

Do traçado apresentado, pareceu-nos que entre as zonas que sairiam mais beneficiadas por essa redução do tráfego automóvel estariam a Av. Padre Júlio Fragata (Braga Parque, Enguardas), toda a rodovia desde as piscinas até à zona do Fojo. Ao mesmo tempo, isso abre portas a que seja retomada sem desníveis, sem passagens aéreas nem túneis nem elevadores, nem quaisquer outras complicações desnecessárias, a ligação milenar entre a Rua Nova de Santa Cruz e a Rua D. Pedro V, que se reveste de particular importância não só para peões e ciclistas, mas também para os nossos transportes públicos.

Estudo da repartição modal: que meios de transporte usam os bracarenses, segundo os censos?

Cumpre esclarecer que, até 2001, os censos não distinguiam entre a utilização de bicicleta ou motociclo, pelo que os respetivos valores foram neste caso abordados em conjunto. Mesmo assim, o resultado é algo que não pode deixar de envergonhar a cidade mais jovem de Portugal. Revisão do PDM Braga 2014 - transportes e mobilidade - repartição modal

Em apenas uma década, dos censos de 2001 para os de 2011, a utilização de veículos de duas rodas (motociclos e bicicleta) terá caído cerca de 32% (passando de 1,185% para apenas 0,684% das deslocações realizadas). Ao mesmo tempo, outro dado que nos envergonha é a redução acentuada no uso do autocarro e do transporte coletivo. Igualmente grave é a redução das deslocações pedonais, que também caiu cerca de 30%. Houve um modesto aumento no uso do comboio e um aumento que poderemos considerar brutal (43,5%) no uso do automóvel ligeiro, tanto na qualidade de passageiro como na de condutor.

Como alguém na mesa comentou, são números que de alguma forma vão contra aquilo que seria de esperar face à tão falada crise. Mas, acrescentaríamos nós, são números que espelham bem aquilo que tem sido a aposta da cidade em termos de políticas de mobilidade, habitação e emprego. É sintomático que apenas 15% da população de Braga use os transportes públicos, como é sintomático que apenas uma minoria (que quase parece nem ser representável através destes números) use a bicicleta como meio de transporte nas suas deslocações diárias.

Mais ainda quando sabemos que, de acordo com um estudo dos TUB, datado de 2007, grande parte das deslocações de carro dentro do concelho de Braga são realizadas dentro do centro urbano, em distâncias muito curtas (menos de 5km) e em zonas praticamente planas ou com desníveis fáceis de vencer (por exemplo, entre Cividade, Maximinos, S. João do Souto, S. Lázaro, S. Vicente, S. Vítor e Sé). Nesse mesmo inquérito, o custo médio mensal estimado para o uso do automóvel em Braga (que incluía 91,34€ de combustível, 7,59€ de parqueamento e 24,57€ manutenção) era de 148,92 euros (ou seja, um terço do salário mínimo). Estes valores valem o que valem (e nada melhor do que uma visita ao AutoCustos.com para saber o verdadeiro valor da despesa em cada caso concreto), mas dão para perceber que a aposta na promoção do uso dos transportes públicos e dos meios suaves rapidamente se traduziriam em ganhos significativos para os bracarenses em termos do seu poder de compra.

Proposta de Rede de Percursos e Corredores Cicláveis

Foram apresentados alguns objetivos gerais que, pela sua importância programática, não resistimos a transcrever:

  • Promover a utilização quotidiana da bicicleta como um modo de deslocação sustentável, alternativo ao transporte individual, devidamente integrada no sistema de transportes públicos coletivos e promover a interligação com a rede de transportes.
  • Potenciar ligações à rede escolar, equipamentos desportivos, culturais, de lazer, com o património e a estrutura ecológica.
  • Contribuir para a requalificação do espaço público.
  • Delinear uma política de integração efetiva da bicicleta como modo suave de deslocação.
Revisão do PDM Braga 2014 - transportes e mobilidade - rede de percursos e corredores cicláveis

Ao mesmo tempo, era mostrado por instantes um mapa cujos detalhes não foi possível perceber, mas que, ao que parece, será baseado naquele que havia sido já apresentado em julho de 2013: Mapa PDM Rede Ciclável Braga 2013


Foi com agrado que ouvimos a arquiteta Filipa Corais afirmar que era preciso apostar num novo paradigma de construção e reabilitação da cidade dando primazia aos peões, aos ciclistas, aos transportes públicos e só depois ao veículo individual. É essa a perspetiva que por aqui subscrevemos e que um pouco por todo o mundo desenvolvido se vem promovendo na atualidade.

Gostaríamos imenso de ter ouvido pelo menos tantos detalhes referentes à questão da mobilidade como os que ouvimos em relação à distribuição das áreas agrícolas e solos urbanos. À falta de mais informações pormenorizadas, não nos é possível tecer grandes comentários sobre as soluções a adotar na implementação dessa rede ciclável. É de saudar contudo que, finalmente, a cidade de Braga reconheça publicamente a importância da bicicleta para o seu desenvolvimento económico e para a melhoria da qualidade de vida dos seus cidadãos. É um primeiro passo para que alguma coisa mude efetivamente para melhor.

Ainda assim, ficou a faltar nos objetivos algo mais concreto, por exemplo, estipular que nos próximos 5 ou 10 anos o objetivo seria que pelo menos 5% ou 10% das deslocações dentro do concelho fossem feitas em bicicleta. Ou que pelo menos 50% fossem feitas em transportes públicos. Sem metas claras para cumprir, como saberemos avaliar, dentro de uns anos, até que ponto a execução deste PDM estará a ser bem ou mal sucedida?

Estacionamento

Ainda no capítulo da mobilidade, houve um diapositivo quase insólito, que por momentos pareceu contradizer os objetivos de que haviam sido propostos para a rede ciclável. Como é possível falar em pelo menos 1 lugar de estacionamento (automóvel, claro) por cada 2 habitações? Talvez fizesse algum sentido, numa lógica de promoção da utilização de outros meios de transporte, seguir o exemplo de outras cidades e países da europa (Zurique, Amesterdão, Estrasburgo...) e incluir um limite máximo de lugares de estacionamento por cada X habitações. É que, fazendo as contas, e a menos que estejamos a falar sobretudo de garagens e parques privativos, convém lembrar que a cidade de Braga não tem sequer área suficiente para albergar tanto carro na via pública... Revisão do PDM Braga 2014 - Transportes e Mobilidade - Estacionamento

Contrariamente ao que por vezes se tenta fazer pensar, mais carros não significa mais prosperidade e mais qualidade de vida. Veja-se o exemplo da cidade americana de Detroit, que costumava ser designada como "Motor City", pelo número de automóveis que albergava e produzia. A cidade cresceu e organizou-se em função do automóvel até ao ponto em que... acabou por falir.

E como é possível que nem por um momento se fale no número de lugares de estacionamento para bicicletas por cada X habitações? Esse não deveria igualmente ser um dos objetivos a constar neste PDM, dado que praticamente não existe estacionamento adequado para bicicletas na cidade de Braga? Foi o que se fez por exemplo em Almada, cujo Regulamento Urbanístico estipula que as operações urbanísticas de construção, reconstrução, alteração e ampliação, devem prever a existência de "espaços cobertos para parqueamento de bicicletas, de fácil acesso, de modo a promover a utilização eficaz da bicicleta e evitar o seu furto e deterioração". Nesse mesmo regulamento (a parte mais interessante do referido regulamento está no artigo 78º), constam algumas normas que especificam como devem ser implementados esses estacionamento, incluindo os requisitos técnicos para cumprirem a função a que se destinam, a proporção de estacionamentos face ao número de utentes ou tipo de habitação, etc. É um excelente exemplo, que pode e deve ser copiado, adaptado e aprofundado por cidades como Braga. Vamos a isso? :-)

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Programa Ciclovias Interurbanas do CÁVADO BRAGA

No passado dia 19 de Setembro, realizou-se no Museu Nogueira da Silva uma apresentação, seguida de debate, organizada pela Comunidade Territorial de Cooperação CIM Alto Minho/CIM Cávado/ INORDE sobre Ciclovias Intraurbanas de Braga, no âmbito do seminário sobre MOBILIDADE Sustentabilidade e Inovação. Um leitores do Braga Ciclável teve a gentileza de nos fazer chegar, a posteriori, os diapositivos utilizados nessa mesma apresentação. Infelizmente, não soubemos da existência da mesma com a necessária antecedência, pelo que não pudemos assistir. Ficamos gratos, por isso, ao leitor que nos enviou o ficheiro bem como ao autor, por nos ter autorizado a sua publicação neste espaço.

Vamos então espreitar a apresentação, que pode ser consultada integralmente no site da CIM Cávado.



São propostas 6 ciclovias (1 já existente, 1 parcialmente existente e 4 por construir), são elas:

Ciclovia dos Estudantes
Liga a Universidade à Estação CP e continua até à junta de freguesia de Frossos.

Temos um pequeno reparo a fazer nesta "ciclovia": esta desvia-se na Rua de S. Victor para uma estrada com piso irregular em paralelo (Rua Martins Sarmento e Rua Beato Miguel de Carvalho), segue por uma estrada de sentido único (Rua 25 de Abril), subindo depois a Av. da Liberdade, virando para o agora Museu do Traje Dr. Gonçalo Sampaio e subindo pela Rua de S. Vicente, passando pelo Largo Carlos Amarante e continuando pela Rua D. Afonso Henriques até descer a Rua Dom Frei Caetano Brandão e virando à esquerda para a Rua Visconde Pindela.



A amarelo, descrevemos o percurso alternativo que propomos.


O desvio contemplado no projeto original perfaz um total de 2,1 km com descidas, subidas e muitas curvas. Ora, um ciclista urbano escolhe sempre o caminho mais direto e mais rápido, e de preferência com piso adequado a todos os tipos de bicicletas.
Assim sendo, faria muito mais sentido continuar de forma natural o percurso pela Rua de S. Victor e, chegando à Sra.-a-Branca, entrar numa zona partilhada entre peões e ciclistas. Essa zona partilhada poderia impor um limite de velocidade para estes últimos, tal como é feito em Barcelona onde nas zonas pedonais o ciclista não pode circular a mais de 15 km/h). Esta alteração resultaria num percurso bastante mais agradável e com uma extensão de 1,6 km, sem curvas, sem paragens e direto.

A nosso ver, esta ligação é fundamental, por voltar a ligar a cidade à Universidade e por ser um dos trajetos que mais procura tem (pode verificar-se isto utilizando-a diariamente, ou consultando o Mapa Braga Ciclável.

Pensamos ainda que esta ciclovia se podia prolongar para Este até à rotunda da paz em Gualtar.

Ciclovia do Rio Este
Liga o INL até à Junta de freguesia de Celeirós.

Aconselhamos a criar o resto do percurso como pista ciclável partilhada, separada, com uma largura mínima de 3,7m (bidirecional: 2,20 m de pista ciclável + 1,50 m de passeio). É menos confuso e é mais agradável para todos os seus utilizadores, peõs e ciclistas. Tem que ser devidamente marcada e sinalizada e construída.

Estas recomendações estão numa das muitas brochuras do IMTT:



Ciclovia do Monte Picoto
Esta ciclovia faz a ligação entre a ciclovia da Nascente, passando pelo Monte do Picoto, "rasgando" a cidade pela Av. 31 de Janeiro (como anteriormente defendi a criação de uma ciclovia nesta Avenida), subindo a Rua Santa Margarida e pretendendo-se ligar ao futuro Parque Norte. Esta ciclovia permite a ligação em rede de outras 3 ciclovias, a Nascente (ou de Lamaçães), a dos Estudantes e a do Rio Este. No entanto, ao chegar à Santa Margarida toma um rumo errado. Sobe aquela que será porventura a subida mais íngreme do casco urbano de Braga, a Rua de Camões, que liga à Universidade Católica. Seria preferível continuar a subida pela Rua Santa Margarida e aproveitar depois a Rua Dr. Domingos Soares para servir também a população da escola secundária Sá de Miranda.


A amarelo, o percurso alternativo que propomos.

Poderia depois continuar o percurso proposto até à Rua Engenheiro João Teixeira da Silva, onde entraria nos terrenos do futuro Parque Norte, e ligaria à Rua Quinta de Cabanas, terminando na atual Esprominho.

Ciclovia dos Estádios
Este traçado parece ser o ideal. Apenas acrescentaríamos uma ligação à ciclovia do Monte Picoto através da Rua Dr. Francisco de Noronha, para aqueles que não se querem atrever a subir a Rua Abade Loureira.

A amarelo, o percurso alternativo que propomos.


Ciclovia Nascente
Antes de apontar os problemas convém referir que vemos com muito bons olhos o prolongamento da mesma até à Universidade do Minho.

Esta ciclovia (ciclocoisa, vá) tem bastantes problemas:
  • Estacionamento (legal) entre a ciclovia e o passeio
  • Este é um dos grandes problemas desta ciclovia. Problema esse que já gerou vários acidentes. E apenas poderá ser resolvido com uma redefinição do trajeto desta ciclovia.

    Neste momento temos:
    Via Automóvel --- Ciclovia --- Estacionamento ---- Passeio

    Temos que passar a ter:
    Via Automóvel --- Estacionamento ---- Zona de segurança (0,80cm) ---- Ciclovia --- Passeio

  • Estacionamento ilegal na ciclovia (em 2ª fila)
  • Denota a falta de civismo de certos automobilistas e também uma notória falta de controlo policial. Todos os dias, ao longo de toda a ciclovia, encontramos vários automóveis estacionados a impedir a circulação de bicicletas no local que para elas foi desenhado. Apesar de tudo o que de mal possa estar feito nesta ciclovia, nada justifica este tipo de estacionamento.

    Patrulhas a pedal rapidamente resolveriam este problema, de forma simples e eficaz.

    Na rotunda do Hotel de Lamaçães as pessoas estacionam os automóveis em cima da ciclovia para se deslocarem ao Multibanco!
    Nesta mesma zona existem automóveis, quer de um lado quer do outro, estacionados em cima da ciclovia.
    Na zona da BikeZone, Maria Bolacha, etc é praticamente impossível circular pela ciclovia com tantos carros que estacionam em cima da mesma.
    Na rotunda da Media Market, um veículo de cargas e descargas estaciona constantemente na ciclovia. Se não está o camião, está um carro.

  • Peões a circularem na ciclovia
  • É algo que conseguimos entender, e encontramos duas justificações possíveis:

    -Uma vez que o passeio não tem manutenção e é feito em tijolo, torna-se desconfortável, o que leva as pessoas a optarem pela zona com piso mais uniforme: a ciclovia. O problema é que colocam em risco a sua integridade física, pois muitas vezes atravessam o estacionamento pela parte de trás do automóvel, o que poderá originar acidentes graves para o peão. Em certos sítios os passeios não possuem rampas nos lancis, enquanto que a ciclovia tem. Para um carrinho de bebé, ou uma cadeira de rodas, a ciclovia é muito melhor nestas situações.
    -As pessoas desconhecem o significado da sinalética colocada. Isto é uma lacuna na educação das escolas básicas e secundárias.

    A solução passa por melhorar as condições dos passeios e apostar na educação das futuras gerações. Isto consegue-se através da inserção nas escolas de matéria relativa ao trânsito com ênfase na circulação a pé e/ou de bicicleta e na explicação dos benefícios destas duas opções.


  • Rotundas
  • Vamos recorrer, mais uma vez, à brochura do IMTT para abordar, agora, o tema das rotundas:

No caso das rotundas que se encontram ao longo dos percursos cicláveis e que apresentam uma dimensão que não permite aos ciclistas a sua utilização em segurança é imprescindível retirar a circulação das bicicletas do anel da rotunda (Figura 18) ou mesmo encontrar percursos alternativos que evitem a rotunda

Resumindo:
Os princípios de conceção de rotundas têm evoluído nos últimos anos, no sentido de que estas devem ser compactas e induzir velocidades mais moderadas.


  • Pouca sinalização vertical e horizontal
  • Ao longo de todo o trajeto vemos poucos sinais indicativos da presença de uma ciclovia nesta zona.
    O mesmo se passa na sinalização horizontal, os únicos locais onde o sinal informativo da presença da bicicleta está pintado e colocado é à entrada das rotundas. Ao longo do resto do percurso não existe sinalética indicativa da presença de uma ciclovia exclusiva para ciclistas.


Ciclovia Circular
Esta ciclovia ligaria todos os serviços de interesse (escolas,unidades de saúde, iefp, igrejas, shoppings, etc) às 5 ciclovias anteriores. Assim teríamos já uma infraestrutura inicial bastante agradável para a nossa cidade que tem um potencial enorme para abraçar a bicicleta.

A amarelo um percurso que repescamos para ligar as escolas D.Maria II e Carlos Amarante à rede.


Agora comparemos a proposta feita no programa:



Com a proposta já com as nossas alterações:



Segundo o programa, as próximas fases devem passar pela integração das faixas ou pistas cicláveis na malha urbana da seguinte maneira:




Reparem na 1ª proposta e olhem para a que cheguei a apresentar aqui para a 31 de Janeiro:


Consideramos que o programa é válido na maior parte do seu conteúdo, e que seria uma importante mais-valia para a cidade de Braga. Com pequenos ajustes, pode ser a alavanca que a cidade precisa para se colocar na vanguarda da mobilidade sustentável, a nível nacional.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Programas eleitorais dos candidatos à Junta de Freguesia de S. Vítor - a mobilidade sustentável

Na reta final do período de campanha para as Eleições Autárquicas de 2013, e na sequência da Carta Aberta recentemente dirigida aos candidatos de Braga, fomos consultar os programas eleitorais dos candidatos à Junta de Freguesia de S. Vítor e selecionamos alguns dos tópicos que dizem respeito ao incentivo e facilitação do uso da bicicleta e, de um modo mais alargado, à promoção da Mobilidade Sustentável.

Esperamos que esta análise possa ser útil para a definição da vossa opção de voto de uma forma mais informada.

Fernando Correia - Cidadania Em Movimento (CEM)

  • Pressionar o executivo municipal para que crie eixos cicláveis que facilitem a mobilidade e acessibilidade às escolas e interfaces de transportes


António Esperança - Coligação Democrática Unitária (CDU / PCP-PEV)

  • Lutar pela conversão da A. Pe. Júlio Fragata, Av. Frei Bartolomeu dos Mártires e Av. João Paulo II em vias com caráter urbano, rejeitando o formato atual de via rápida, através da eliminação da divisão física da freguesia e criando condições para uma utilização mais fácil e segura para os peões e ciclistas.
  • Permitir a circulação de velocípedes nas vias de acesso reservado a transportes públicos na Rua D. Pedro V e Rua Nova de Sta. Cruz.
  • Defender a criação de zonas com limite de velocidade de 30km/h no interior de bairros residenciais e junto a escolas, recorrendo a medidas de acalmia de tráfego e desincentivar o atravessamento automóvel nestas áreas.


Coligação Juntos Por Braga (PPD/PSD, CDS-PP, PPM)

  • Insistência na reformulação da passagem da Rua D. Pedro V com a Rua Nova de Santa Cruz.
  • São Victor Ciclável - investir na promoção do uso da bicicleta, advogando uma freguesia mais amiga do ambiente e mais propícia à prática do exercício físico, bem como da salutar fruição do cicloturismo. Queremos propor itinerários, faixas cicláveis e equipamentos de apoio que permitam concretizar este projeto.


Ricardo Vasconcelos - Partido Socialista (PS)

  • Apoiar e colaborar no projeto de ligação viária e pedonal entre a Rua D. Pedro V e a Rua Nova de Santa Cruz previsto no Programa Estratégico de Reabilitação Urbana do Centro Histórico;
  • Promover a utilização da bicicleta alargando a rede ciclável entre escolas e interfaces de transportes bem como a implementação de um sistema de bicicletas partilhadas;
  • "São Victor Sem Carros" - onde se pretende o encerramento de uma rua ao trânsito automóvel durante um dia (sábado ou domingo), possibilitando a circulação de bicicletas e o aproveitamento do espaço público para outras atividades. Pretende-se ainda a criação de um link na página da freguesia, onde seja possível aos habitantes da freguesia a inscrição das suas ruas;
  • Melhorar a acessibilidade e a qualidade de vida urbana, diminuindo a poluição atmosférica e sonora através de uma maior utilização do transporte público e dos modos suaves, ajudando a autarquia a cumprir as recomendações do Livro Verde.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Programas eleitorais dos candidatos à Câmara Municipal de Braga - a mobilidade sustentável

Na reta final do período de campanha para as Eleições Autárquicas de 2013, e na sequência da Carta Aberta recentemente dirigida aos candidatos de Braga, fomos consultar os programas eleitorais dos cinco candidatos à presidência da Câmara Municipal e selecionamos alguns dos tópicos que dizem respeito ao incentivo e facilitação do uso da bicicleta e, de um modo mais alargado, à promoção da Mobilidade Sustentável.

Esperamos que esta análise possa ser útil para a definição da vossa opção de voto de uma forma mais informada. Para referência, e também porque as citações abaixo foram retiradas do seu contexto original, incluímos em cada caso ligações para os documentos originais.

Cidadania Em Movimento (CEM)

- ver programa completo -
  • Elaboração de um Plano de Mobilidade e Transportes que, contribuindo para a estruturação territorial e urbana, tenha em especial atenção o melhoramento do sistema de transportes públicos.
  • Requalificação, em articulação com o Plano de Mobilidade, das vias rápidas que hoje espartilham e retalham a cidade, transformando-as em ruas, avenidas e “boulevards” compatíveis com o carácter urbano que lhes é adequado.
  • Criação de corredores para os diversos meios de transporte público e procurar cruzá-los em pontos intermodais. Serão meios complementares aos quais será associada a criação de uma tarifa plana (passe intermodal).
  • Estabelecimento da ligação física e funcional entre a estrutura citadina e o campus universitário através da requalificação de um canal que, pensado sobretudo em termos pedonais e cicláveis, deverá ser permeável e articulado com as principais estações de transportes coletivos.
  • Constituição de pequenos parques de estacionamento para veículos privados em locais estratégicos, associando-os ao sistema de transporte público.
  • Reinvenção de formas de circulação nas zonas pedonais, nomeadamente através de um transporte público não poluente, de acordo com as necessidades da vida que aí ocorre – habitação, comércio e serviços – e promover meios de distribuição porta-a-porta.
  • Valorização, em parceria com os municípios vizinhos, do rio Cávado como unificador de diversos espaços de lazer, ligando esse eixo à cidade através de corredores verdes que valorizem estruturas ambientais existentes. Defesa da articulação destes espaços através de ecovias que venham a ligar a foz à nascente, na Serra do Larouco, e ao Gerês.

Coligação Democrática Unitária (CDU / PCP-PEV)

- ver programa completo -
  • Requalificar o parque habitacional e os espaços exteriores em articulação com as comunidades locais, dotando-os de equipamentos necessários à promoção de estilos de vida saudáveis;
  • Combater a urbanização difusa e contrair o perímetro urbano, reduzindo a área urbanizável em 10%
  • Promover a retirada do centro da cidade do tráfego de atravessamento, criando uma circular a norte e a nascente da cidade, encerrando a malha pesada destinada a maior tráfego e a maior velocidade;
  • Criar uma nova via de perfil urbano que faça a ligação entre Ferreiros e Nogueira;
  • Hierarquizar de forma clara e perceptível a todos a rede viária do concelho;
  • Valorização das vias de hierarquia superior, conduzindo ao seu reperfilamento para um carácter mais urbano, promovendo a redução da largura das vias, a eliminação de separadores centrais, a sua adequação ao limite de 50 km/h, a instalação de vias cicláveis com separação física, a criação de canais dedicados ao transporte público, o alargamento de passeios e a instalação de passadeiras, a arborização sistemática, entre outros;
  • Conversão das vias de hierarquia inferior (aquelas que correspondem ao interior dos bairros) em zonas de 30 km/h com vista ao incremento da segurança e convivência salutar entre modos de transporte, sinalizando ostensivamente recorrendo se necessário à coloração do pavimento, proibindo o tráfego de pesados, estrangulando as entradas e criando chicanes, reduzindo o espaço dedicado à circulação automóvel, ordenando o estacionamento, aumentando o espaço para peões e subordinando o mesmo aos seus percursos preferenciais;
  • Criação de rede de parques de estacionamento de elevada capacidade e com condições de segurança, na periferia da cidade e interligados com a rede de transportes públicos;
  • Implementação de sistema de bicicletas partilhadas que implique uma rede de pontos de recolha numerosa, alargada e dispersa na cidade, a par da criação de parques de estacionamento para velocípedes junto de paragens de transporte público;
  • Desenvolver campanhas de sensibilização com vista ao incremento do uso de transportes públicos e modos suaves de mobilidade;
  • Introdução em instrumentos de natureza regulamentar de medidas de promoção de coberturas e fachadas verdes, de aproveitamento energético, a par com exigências de dotações de estacionamento para velocípedes;
  • Criar soluções para a utilização de modos suaves, como incentivo junto dos jovens à sua utilização como forma de transporte prática, ecológica e saudável.
  • Elaborar a Carta dos Espaços Naturais para Práticas de Actividades Físicas para o levantamento dos espaços destinados ao pedestrianismo (trilhos devidamente sinalizados para caminhadas), percursos de BTT, locais para destinados ao Parapente, rochas equipadas para a escalada, etc.;
  • Promover a prática desportiva no Rio Cávado, nomeadamente, no apoio ao desenvolvimento do Clube Fluvial de Merelim S. Paio, na promoção da oferta de desportos náuticos pelos SASUM, na construção de uma ciclovia na margem do Rio ao longo de todo o concelho;
  • Promover pistas de BTT e downhill já existentes no concelho;
  • Descentralizar os espaços destinados a práticas de desportos radicais, nomeadamente skate e BMX;

Coligação Juntos Por Braga (PPD/PSD, CDS-PP, PPM)

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  • Desenvolvimento de um abrangente Plano de Acessibilidades Pedonal em toda a malha urbana do Concelho
  • Criação de Ciclovias, Ecopistas e Circuitos de Manutenção
  • Re-ligação pedonal da Rua Nova de Santa Cruz à Rua D. Pedro V, promovendo a aproximação da população universitária do centro da cidade;
  • Introdução de novas ciclovias e promoção de modos suaves de transporte
  • Desenvolvimento de projecto para Interface de Transportes na envolvente da Estação de Caminho de Ferro;

Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP)

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  • Promover uma política completamente nova para os TRANSPORTES PÚBLICOS URBANOS, com a substituição da atual frota, por AUTOCARROS não POLUENTES e SILENCIOSOS. Os Grandes autocarros não devem entrar no centro da cidade, sendo substituídos por pequenos AUTOCARROS ELÉCTRICOS capazes inclusivamente de servir o Centro Histórico. Defendemos também o alargamento dos horários até às 24 horas durante a semana e às 02 horas no fim de semana, e a RETIRADA IMEDIATA do trânsito particular do CENTRO HISTÓRICO.
  • Dar a maior prioridade às questões da SEGURANÇA, um dos maiores FLAGELOS dos nossos munícipes
  • Construção de um Teleférico sobre o triângulo turístico de Braga.

Partido Socialista (PS)

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  • Apoiar projectos de escolas que envolvam a Quinta Pedagógica e a Escola de Prevenção Rodoviária.
  • Lançar uma rede de ciclovias integradas nos parques e eixos viários, aproveitando as condições naturais das zonas envolventes e a sua conexão à cidade de Braga.
  • Fomentar a prática de atividade física e desporto em idade escolar.
  • Assim, numa perspetiva de sustentabilidade ambiental, energética, económica e social, determinantes essenciais de uma verdadeira cidade inteligente, é necessário promover uma maior utilização dos modos suaves e dos transportes coletivos.
  • Braga já aderiu ao “Pacto de Autarcas” que é o principal movimento europeu a envolver autarquias locais e regionais que voluntariamente se empenham no aumento da eficiência energética e na utilização de fontes de energias renováveis nos respetivos territórios. Através do seu compromisso, os Signatários pretendem atingir e ultrapassar o objetivo da União Europeia de reduzir o CO2 em 20% até 2020.
  • Prolongamento do túnel da rotunda das piscinas, de modo a ligar a Rua D. Pedro V à Rua Nova de Santa Cruz. Esta ligação permitirá o acesso automóvel, ciclável e pedonal entre o centro da cidade e a Universidade do Minho.
  • Privilegiar a utilização dos modos suaves e dos transportes coletivos, como tem acontecido com o modo pedonal. A promoção do modo bicicleta faz todo o sentido, quer na componente de reestruturação das vias, quer na componente de disponibilização dos meios (bike sharing).
  • Criar melhores condições de circulação do modo coletivo atualmente existente (BUS), designadamente nos eixos mais sujeitos a congestionamento, de modo a que se torne cada vez mais uma alternativa viável ao automóvel privado.
  • Aumentar a frequência de passagem do operador urbano de transporte coletivo (TUB) entre os principais pontos geradores de fluxos da cidade, de modo a estimular a sua utilização, promovendo a utilização de tecnologias ambientalmente mais eficientes.
  • Estudar a viabilidade económica de um transporte coletivo de grande capacidade, a circular em linha dedicada entre a Estação CF e a UM/Novo Hospital, atravessando a zona central da cidade. Devem ser equacionadas diversas alternativas (elétricos rápidos - trams, metro de superfície, metro bus).
  • Estudar a criação de uma verdadeira estação intermodal que consiga agregar os diversos modos que servem a cidade, como: o comboio, os autocarros expresso e interurbanos, os da TUB e outros.
  • Criar uma Rede Ecológica Municipal de Parques, ligada por corredores verdes, em cada ponto cardinal da cidade (Parque Norte, Sete Fontes, Parque da Ponte/Picoto, Parque na Zona Po- ente) que perfazem 123 hectares.
  • Criar um corredor verde contínuo ao longo das margens do Rio Cávado, desde Pousada até Padim da Graça.
  • Dinamizar e criar um roteiro de cicloturismo que possa potenciar a rede de ciclovias existentes e as que estão planeadas a construir, integrando com a rede de transportes públicos.



Regresso às aulas, em Braga

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Câmara Municipal de Braga lança nova campanha sobre ciclovias e espaços verdes

O departamento de comunicação da Câmara Municipal de Braga acaba de lançar o seguinte vídeo sobre as obras em curso e projetos para o futuro, no que se refere a espaços verdes e vias cicláveis para a cidade de Braga.

Um dado interessante: para além da referência à requalificação do Rio Este, este vídeo fala em cerca de 29km de ciclovias, a maior parte dos quais ainda por construir mas, pelos vistos, a caminho da sua construção para breve.

A mesma mensagem aparece reforçada na exposição recentemente colocada no centro, sobre a mesma temática. Um dos expositores, cuja foto foi partilhada hoje pelo Eng. Rui Gonçalves no grupo Braga Ciclável no Facebook, fala precisamente das vias cicláveis já existentes e das que serão brevemente construídas: Expositor ciclovias cmb

Ou seja, ficamos assim a saber de projetos "desenvolvidos entre 2009 e 2013" onde se contempla uma "rede de percursos e corredores cicláveis", dividida por três tipologias:

  • Pistas Cicláveis (total: 9,44km)
    • Ao longo do Rio Este (3155,4m)
    • Ao longo da Rodovia:
      • Rotunda Santos da Cunha - Estação (836,4m)
      • Santos da Cunha - UM (4166,1m)
      • Grundig-Rotunda Santos da Cunha (1279,4m)

  • Faixas Cicláveis (total: 5,98km)
    • Cruzamento UM - Senhora a Branca (1386,4m)
    • Rotunda Continente - Senhora a Branca (2298,7m)
    • Aldeamento Quinta da Capela - Picoto (623,2m)
    • Avenida da Liberdade - Palmes (1044,9m)
    • Rio Este - Senhora a Branca (623,4m)

  • Vias partilhadas (coexistência) (total: 13,51km)
    • "rede que se desenvolve na Área central Urbana - Cidade Consolidada - Lamaçães e que complementa a rede de pistas e faixas cicláveis propostas"

Sendo esta uma comunicação oficial da própria CMB (e não uma qualquer ação de campanha eleitoral com origem num dos candidatos), será então de supor que até ao final do atual mandato estará em curso a maior parte destes projetos. Então, isto significa que ainda este ano vamos ter em Braga um total de 9,5km de ciclovias, mais 6km de ciclofaixas, mais 13,5km de vias partilhadas com sinalização adequada, etc. Não tinha conhecimento de todos estes planos da CMB para o ano corrente. Devo dizer que é um excelente começo, caso se concretize. Não só abrange a zona da Grundig à Universidade do Minho, como liga também à Estação.

Contudo, e olhando para a informação que tem circulado nos jornais, não posso deixar de questionar sobre até que ponto serão exequíveis todos estes projetos dentro do prazo ali referido (entre 2009 e 2013). Em matéria de vias cicláveis, até ao momento, creio que apenas as obras do Picoto e o do Rio Este estão em curso. Ou seja, falta começar as obras em 6,3km de pistas cicláveis, em todas as faixas cicláveis e em todas as zonas de convivência.

Quando começam essas obras? Vão ser realizadas só depois de terminar o verão, quando voltarem as chuvas? Ou ficarão apenas para depois das eleições, caso o atual executivo continue em funções? E o que acontecerá caso haja uma reviravolta nas já próximas eleições de setembro? Estes projetos agora anunciados pela Câmara Municipal de Braga serão simplesmente arquivados pelo novo executivo, ou terão ainda assim algum tipo de continuidade?

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Junta de Freguesia de São Victor manifesta apoio público à Proposta Para Uma Mobilidade Sustentável

Junta de Freguesia de São Victor (Braga)

A Junta de Freguesia de São Victor decidiu juntar o seu nome à lista de instituições de Braga que já manifestaram o seu apoio público à Proposta Para Uma Mobilidade Sustentável, a iniciativa que o Braga Ciclável lançou há cerca de um ano em conjunto com diversas instituições da cidade de Braga. Por decisão unânime, aquela autarquia afirma subscrever os princípios gerais desta proposta.

O dossiê, que contempla um conjunto de sugestões para a promoção do uso da bicicleta na cidade de Braga, foi apresentado em 2012 à CMB e às diversas forças políticas da cidade. Contou desde o início com o apoio público do blog Braga Ciclável, dos Encontros Com Pedal, da Associação de Cicloturismo do Minho e do Clube de Cicloturismo de Braga, e tem vindo a receber posteriormente outros apoios de diversas instituições da cidade de Braga. Trata-se de uma iniciativa de cariz apartidário, sendo que qualquer entidade da cidade de Braga pode manifestar, se assim o entender, o seu apoio público a esta iniciativa.

A todos, agradecemos o voto de apoio. Vamos fazer de Braga uma cidade mais amiga dos ciclistas!

domingo, 5 de maio de 2013

Amigos de S. Domingos/S. Vítor manifestam apoio público à Proposta Para Uma Mobilidade Sustentável


A Associação Os Amigos de S.Domingos/S. Victor, A.R.C.D.S. decidiu juntar o seu nome à lista de instituições de Braga que já manifestaram o seu apoio público à Proposta Para Uma Mobilidade Sustentável, a iniciativa que o Braga Ciclável lançou há cerca de um ano em conjunto com diversas instituições da cidade de Braga.

O dossiê, que contempla um conjunto de sugestões para a promoção do uso da bicicleta na cidade de Braga, foi apresentado em 2012 à CMB e às diversas forças políticas da cidade. Contou desde o início com o apoio público do blog Braga Ciclável, dos Encontros Com Pedal, da Associação de Cicloturismo do Minho e do Clube de Cicloturismo de Braga, e tem vindo a receber posteriormente outros apoios de diversas instituições da cidade de Braga. Trata-se de uma iniciativa de cariz apartidário, sendo que qualquer entidade da cidade de Braga pode manifestar, se assim o entender, o seu apoio público a esta iniciativa.

A todos, agradecemos o voto de apoio. Vamos fazer de Braga uma cidade mais amiga dos ciclistas!


sábado, 4 de maio de 2013

Novos apoios à Proposta Para Uma Mobilidade Sustentável: ASPA, AAEUM e Pioneiros da U.M.

Associação dos Antigos estudantes da Universidade do Minho - AAEUM

O convite lançado à sociedade bracarense para se unir em torno da causa da mobilidade sustentável e da promoção do uso da bicicleta na cidade de Braga continua a ser aceite por diversas entidades. A Proposta Para Uma Mobilidade Sustentável passa agora a contar também com o apoio formal da ASPA - Associação para a Defesa, Estudo e Divulgação do Património Cultural e Natural, da rede social PIONEIROS da U.M. e da AAEUM (Associação dos Antigos Estudantes da Universidade do Minho).

Este dossiê, que contempla um conjunto de sugestões para a promoção do uso da bicicleta na cidade de Braga, foi apresentado em 2012 à CMB e às diversas forças políticas da cidade. Contou desde o início com o apoio público do blog Braga Ciclável, dos Encontros Com Pedal, da Associação de Cicloturismo do Minho e do Clube de Cicloturismo de Braga, e tem vindo a receber posteriormente outros apoios de diversas instituições da cidade de Braga. Trata-se de uma iniciativa de cariz apartidário, sendo que qualquer entidade da cidade de Braga pode manifestar, se assim o entender, o seu apoio público a esta iniciativa.

A propósito desta iniciativa, a direção da AAEUM salienta que não só defende estas propostas de infraestruturas, como tem vindo já a propor especificamente o desnivelamento urgente entre a “circular” Av. Padre Júlio Fragata e a Rua D. Pedro V. Considera um enorme erro urbanístico a atual divisão da freguesia de S. Vítor e da cidade em duas, que dificulta o acesso por peões e ciclistas entre essas duas zonas da cidade. Também a ASPA refere ser esta questão da mobilidade um tema que lhe é especialmente caro, tendo já abordado recentemente a questão da mobilidade sustentável e da promoção do uso da bicicleta.

A todos, agradecemos o voto de apoio. Vamos fazer de Braga uma cidade mais amiga dos ciclistas!

terça-feira, 29 de maio de 2012

Acerca de um comentário à recente reportagem do P3/Público

Na sequência da recente publicação de uma reportagem no P3/Público sobre o Braga Ciclável e o uso da bicicleta em Braga, um leitor do P3 dedicou alguns minutos a escrever o seu testemunho na área de comentários. Pela sua pertinência para o tema que preside a este blog, reproduzimos abaixo o referido texto:

Tendo vivido 10 anos em Braga e passado todos eles entre andar a pé, transportes públicos, de automóvel e, por vezes, de bicicleta, posso dizer que apesar de ser altamente louvável o que o Victor faz, Braga não tem estrutura montada para levar com mais do que 1 ou 2 bicicletas na vias. Infelizmente. E não vejo como é que a moda possa pegar, embora espero estar enganado. Braga é feita de muitas vias rápidas (a Rodovia, por exemplo), muitos sentidos únicos e muito automóvel a enorme velocidade.

Conheço muito bem o percurso efetuado por Victor no vídeo e devo dizer que quando o vi a ter que passar na rotunda do Feira Nova (agora é o Pingo Doce, não é?) para a via que eventualmente passa em frente ao Braga Parque, eu próprio fiquei apreensivo ao vê-lo ter que fazer tal coisa. Se já de automóvel é perigoso andar por essas zonas (entrar nessa rotunda é uma verdadeira corrida de automóveis... Eu de bicicleta fazia-o sempre no passeio nessa zona), então de bicicleta...!

É muito complicado e tirando as estradas como a Rua D. Pedro V (onde no vídeo o Victor acaba), que na essência só se encontram no centro mesmo da cidade, tudo o resto e' aceleração perigosa de automóveis onde o mais rápido vence. Mas espero que a tendência possa obviamente ser revertida a favor das bicicletas.

Ainda que circular de bicicleta no centro histórico de Braga seja bem mais seguro e bem mais prazeroso do que no meu percurso casa-emprego, temos de reconhecer que este testemunho é esclarecedor sobre a situação de Braga, em termos de segurança rodoviária e de promoção da mobilidade sustentável.

Poderia tecer alguns comentários, dizendo que o meu percurso é mais fácil de realizar do que o vídeo dá a entender - e de certo modo até é, depois de aprendermos a conduzir de forma mais ou menos estratégica e de decidirmos voluntariamente correr algum risco. Ou que existem percursos alternativos ao que eu faço atualmente - e existem, embora não tão cómodos nem tão eficientes para quem circula de bicicleta... Mas a verdade é que entrar na zona mais central de Braga, como eu e muitos outros ciclistas temos de fazer diariamente, é na maior parte dos casos uma aventura, com deficientes condições de segurança.

Acredito, como já por repetidas vezes o tenho afirmado, que o comportamento dos demais condutores irá melhorando à medida que mais ciclistas forem circulando nas ruas - a visibilidade acrescida pelo aumento do seu número a isso levará, inevitavelmente. E também à medida que nós ciclistas vamos aprendendo a conviver com o trânsito (sim, que também nós temos responsabilidade na matéria), as coisas irão melhorando.

Mas não chega. O perigoso anel de pseudo-autoestradas que circunda a zona histórica de Braga, da forma como existe atualmente, condiciona o acesso a quem se desloca a pé ou de bicicleta das zonas da periferia.

Vai sendo tempo de Braga modernizar a sua rede viária, tornando mais amiga dos ciclistas, como vem sendo tendência geral em grandes cidades europeias, e não só. Se queremos uma cidade onde é bom viver, não podemos continuar a promover a utilização abusiva do automóvel até para os percursos curtos, nem as velocidades excessivas que por cá se vêem. Se queremos uma cidade onde os nossos filhos possam caminhar em segurança quando saem à rua ou quando vão para a escola, precisamos de desenhar e construir a cidade em função dessa nossa vontade.

sábado, 26 de maio de 2012

Vídeo-reportagem no P3/Público destaca Braga Ciclável

Site P3 do Público destacou blog Braga Ciclável em vídeo-reportagem

O site P3 do Público acaba de publicar uma vídeo-reportagem sobre a utilização da bicicleta na cidade de Braga. A reportagem inclui um vídeo onde é possível observar uma parte do meu percurso diário casa-emprego e uma breve entrevista a este vosso amigo. Os repórteres Filipa Flores e António Abreu falaram também com outros ciclistas de Braga, e três deles (a Helena e o Paulo, do Braga POP Hostel, e o Carlos, da Go By Bike) aparecem também mencionados na reportagem, relatando um pouco daquilo que são as suas experiências.

É bom ver que o tema da mobilidade sustentável e do uso da bicicleta como meio de transporte vem cativando cada vez mais o interesse da comunicação social. Para além de um certo reconhecimento ao trabalho que este blog tem feito, o mais importante mesmo é o facto de esta exposição nos media poder chamar a atenção de quem ainda ande "distraído" e não repare que os tempos estão a mudar - em algumas coisas, para melhor.

Vale a pena ler a reportagem e ver também o vídeo, que aparece logo no alto da página:

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Ciclistas Urbanos em Braga #60

Ciclistas Urbanos em Braga

O Albert vem da Austrália e é cientista. Trabalha atualmente como investigador no Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), na área da Química, e usa a bicicleta diariamente para ir para o emprego, na zona de Gualtar, bem como para todas as suas outras deslocações na cidade. É um meio de transporte rápido, económico, ecológico e prático.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Respondendo ao comentário de um leitor, sobre ciclovias em Braga...

Um destes dias, num dos artigos da série "Ciclistas Urbanos em Braga", tivemos um interessante comentário do nosso leitor Miguel Lobo. O seu testemunho, pela pertinência do tema que aborda, merece ser aqui destacado e deveria inclusivamente ser objeto de reflexão por parte de quem decide em matéria de planeamento urbano, ordenamento de trânsito e obras públicas.

Viva,

Parabens por este blog, só agora me apercebi dele e vou estar atento porque tambem vivo em Braga.

Tambem eu sinto falta de uma rede de vias para bicicleta em Braga. Seria quase um sonho se um dia isso viesse a surgir. Braga tem uma ciclovia, é certo, mas, para além de pequena partilha o mesmo espaço que uma estrada em que os automobilista teimam em fazer parecer uma autoestrada. Andei uma vez nela com a minha esposa e filha e não volto mais, é um perigo. Aliás, andar na estrada de bicicleta em Braga para mim foi traumático. Já fui abalroado por uma carrinha e o tipo teve o descaramento de me dizer que eu é que devia ter cuidado e depois ainda vieram os GNR's de bigode ajudar à festa. Enfim, foi a primeira e certamente uma má experiencia, agora quando quero andar de bicicleta meto tudo no carro e vou para ciclovias seguras.

Mesmo assim sonho com um dia poder circular em segurança em Braga. Boa sorte com o Blog, faz falta este tipo de atitude para criar um certo movimento e quem sabe um lobbie.

Cumprimentos
Miguel Lobo


Olá, Miguel!

Obrigado pelo testemunho e pelo incentivo. Estamos a tentar contribuir para a sensibilização da população e dos responsáveis pelo urbanismo, para ver se as coisas melhoram um pouco cá em Braga.

Cada dia que qualquer um destes ciclistas - entre os quais me incluo - sai à rua na sua bicicleta (seja para passear, para tomar um copo com os amigos, para ir às compras ou ir para o emprego), está a contribuir ativamente para mudar mentalidades. À medida que mais ciclistas vão circulando nas ruas - e o número está mesmo a aumentar - passará a haver uma adaptação dos comportamentos dos automobilistas, mais não seja, porque passam a contar com a presença de ciclistas na via. Claro que há ainda muitos receios, alguns deles justificados, outros nem tanto, mas com algum esforço de adaptação, é possível e relativamente simples pedalar. A zona da periferia (incluindo essa ciclovia) coloca alguns desafios aos ciclistas, mas em compensação no centro da cidade conseguimos circular com relativa facilidade.

Quanto à nossa única e polémica ciclovia (ver foto abaixo, retirada de um artigo no blog Avenida Central), que supostamente serviria para a prática de desporto e ciclismo de lazer, tem realmente vários defeitos graves. O primeiro deles, na minha opinião, é o facto de se encontrar numa localização periférica, com um percurso que não a torna muito útil a quem deseja utilizar a bicicleta como meio de transporte para o emprego, para a escola ou para a universidade.

Ciclovia em Braga

Além disso, tem também alguns problemas de conceção que a tornam insegura não só para o ciclismo desportivo mas também para o ciclismo de lazer. Por exemplo, além de ser estreita e não permitir a ultrapassagem entre ciclistas, a ciclovia encontra-se agrupada com o passeio, ao longo de praticamente todo o seu traçado, sem qualquer tipo de separação, sendo frequente o seu uso por parte de peões, animais de estimação, carrinhos de bebés… Em alguns pontos do percurso, temos constantemente carros estacionados em cima da ciclovia, interrompendo a passagem dos ciclistas e obrigando-os a seguir ilegalmente por uma das faixas reservadas a veículos motorizados. Mas não é só. Em alguns pontos, há estacionamento automóvel na berma, pelo que os carros precisam de ocupar a ciclovia para entrar e sair do estacionamento (escusado será dizer que qualquer carro que vá a sair em marcha-atrás tem pouca ou nenhuma visibilidade para verificar se na ciclovia vem algum ciclista na sua direção). Isso, a juntar às numerosas rotundas que interrompem a viagem mas não oferecem qualquer proteção aos utentes da ciclovia, faz com que esta continue a ser uma das obras mais polémicas alguma vez realizadas em Braga.

É por estes e outros motivos que há neste momento um movimento de cidadãos de Braga a tentar fazer chegar uma mensagem aos responsáveis da autarquia - de que os ciclistas existem em Braga e que é preciso melhorar as condições de circulação e estacionamento, não só para os ciclistas que já andam nas nossas ruas, mas também para aqueles que gostavam de o poder fazer, mas ainda não se sentem seguros.

Gosto de ser otimista, e acredito que as coisas irão melhorar. O número de ciclistas aumenta de dia para dia, não só em passeios de fim de semana, mas também nas deslocações diárias para o emprego, no centro da cidade e nas zonas periféricas. Basta passar algumas horas na Avenida Central ou na Rua D. Pedro V, para o comprovar. Com o poder de compra a baixar e os custos dos combustíveis a aumentar, cada vez mais pessoas acabarão por tomar a decisão de perder o medo e a vergonha e passarão a usar a bicicleta em vez do carro. Aos poucos, esta nova realidade tornar-se-á cada vez mais difícil de ignorar por quem quer que esteja à frente dos órgãos autárquicos competentes…

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Ciclistas Urbanos em Braga #50

Ciclistas Urbanos em Braga

O Amarildo é estudante de Informática na Universidade do Minho e usa frequentemente a bicicleta para as suas deslocações quotidianas. Há algum tempo, precisou de comprar esta bicicleta porque lhe roubaram a que usava - um problema grave, que infelizmente tem afetado muitos outros ciclistas em Braga.

Nota:

Confesso que até há bem pouco tempo, não tinha noção das proporções que assume em Braga o flagelo dos roubos de bicicletas. Quando há dias me lembrei de perguntar ao sr. Nascimento se conhecia alguém em Braga a quem tivessem roubado uma bicicleta, tive logo o meu primeiro banho de agua fria. Ele mesmo já perdera a conta às bicicletas que lhe haviam roubado. Nesse mesmo dia, um amigo meu publicava no Facebook uma foto de uma simpática ciclista a passear por Braga - pouco tempo depois, fiquei a saber que a sua bicicleta fora roubada 5 minutos depois de ter sido tirada essa foto!… Daí para cá, é raro o ciclista com quem falo que nunca ficou sem uma bicicleta, ou que não tem alguém próximo a quem já tenham furtado uma.

O primeiro reparo a fazer em relação a este assunto é que nós, ciclistas, não podemos confiar na sorte. Infelizmente, não vivemos numa cidade tão segura que possamos deixar descansadamente a bicicleta encostada enquanto vamos só ali e já vimos. A maior parte dos roubos que me têm chegado aos ouvidos são de bicicletas que não estavam presas com cadeados. Lá diz o ditado: "A ocasião faz o ladrão"…

Outro reparo não menos importante é que em boa parte desses casos, os ciclistas lesados deixaram a bicicleta encostada ou mal presa, não só porque pensavam que Braga era uma cidade segura, mas também porque não havia nenhum estacionamento adequado para bicicletas por perto. Até ao momento, parece que nem a Câmara Municipal de Braga, nem as empresas responsáveis por centros comerciais, supermercados, etc., se têm dado ao trabalho de instalar bicicletários nos locais onde eles fazem falta.

Finalmente, não será demais lembrar que é importante manter em arquivo as faturas das nossas bicicletas (de preferência com o número de série indicado) e fotos detalhadas das mesmas, de modo a podermos notificar as autoridades em caso de roubo. Muitos ciclistas roubados não chegam a apresentar queixa nas autoridades, no entanto isso é algo que deveria ser sempre feito. Na eventualidade de haver bicicletas entre o material que venha a ser apreendido pelas autoridades, elas só serão entregues aos seus legítimos donos se houver registo de ocorrência e for feita prova de propriedade. No caso de bicicletas de valor elevado, poderá ser de considerar um seguro contra roubos.

sábado, 21 de abril de 2012

Ciclistas Urbanos em Braga #43

Ciclistas Urbanos em Braga

O Paulo mora na zona do Braga Parque e usa a bicicleta no seu dia a dia para todo o tipo de deslocações na cidade, em trabalho e em lazer.


Nota:

Esta zona da cidade, para além de acolher um movimentado centro comercial, é também uma zona residencial importante. Dali partem já diariamente vários ciclistas em direção aos seus locais de trabalho, no centro, e não só.

As vias de acesso ao centro da cidade são evidentemente cruciais para quem mora nesta parte da cidade. Para quem vai de bicicleta, contudo, há alguns obstáculos que certamente desencorajam os ciclistas menos experientes e que poderão colocar em risco os mais aventureiros.

Uma das principais vias de acesso ao centro é a Rua D. Pedro V, de que já temos aqui falado algumas vezes (aqui, aqui, aqui, ou aqui). No entanto, para chegarem até essa rua, os ciclistas que partem da zona do Braga Parque têm de percorrer primeiro a Avenida Padre Júlio Fragata, bem conhecida pelo seu trânsito acelerado e pelos ocasionais acidentes. Não será pois de estranhar que alguns ciclistas prefiram seguir pelo passeio, uma solução de desenrasque que, para além de ser ilegal, tem outros inconvenientes (piso escorregadio quando chove, interrupções ao longo do caminho, cruzamento com peões...).

Esta importante zona comercial e residencial, bem como o Campus de Gualtar e as suas áreas residenciais adjacentes, justificam plenamente a pertinência de uma via ciclável bem planeada, a ligar Gualtar diretamente ao centro da cidade e à Estação. Sobretudo se pensarmos que também ali se encontra o novo Hospital (e sim, também já conversei com pessoas que lá se deslocaram de bicicleta, apesar daquelas subidas a pique) e que a cidade tenderá a crescer para esses lados nos próximos tempos.

Ciclistas Urbanos em Braga #42

Ciclistas Urbanos em Braga

O Vítor Oliveira é músico. Vem da freguesia de Real e usa a bicicleta diariamente para se deslocar para o trabalho e não só. O seu piano seria certamente difícil de carregar numa bicicleta, mas muitas vezes (tal como na data em que tirámos esta foto) traz consigo o seu segundo instrumento, um saxofone.

Lamenta que em Braga as pessoas ainda não adiram muito a este meio de transporte, bem mais comum noutras grandes cidades europeias, e também que não haja por cá vias mais bem preparadas para acolher os ciclistas.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Ciclistas Urbanos em Braga #39

Ciclistas Urbanos em Braga

O Miguel, bolseiro de investigação na Universidade do Minho, já usa a bicicleta há cerca de 6 anos para as suas deslocações em Braga. Começou por praticar BTT nos tempos livres mas, aos poucos, a bicicleta foi ganhando outra utilidade na sua vida. Atualmente, usa-a para ir trabalhar, para levar o filho à escola, ir as compras, etc.

Não sente dificuldades de maior no seu dia a dia de ciclista urbano, mas reconhece que a rede viária da cidade de Braga ainda coloca alguns obstáculos a quem ainda esteja a começar e não goste de correr certos riscos...